quinta-feira, 11 de julho de 2013

Céu Negro

Quando há tantas coisas a serem sentidas e não ditas, escrever torna-se uma saga torturante.. De fato, "a vida sem música seria um erro", tomam pra si tudo aquilo que somos ou gostaríamos de ser. Faz diálogos com a com a alma com uma sutileza punica. Nessa peleja da falta de palavra com a música, sou salva por Chico César... roubou-me pra si nessa linda canção (será que você gosta dessa? Acho que sim). Tomara que você alcance esse post... É tudo que posso dizer.

Céu negro
Com arco-íris de néon
Céu negro
Se chover é bom

Eu queria
Eu faria amor com você
Até a cerveja acabar
E alguém sair pra comprar

Eu queria
Eu faria amor com você
Até o gás acabar
Até morrer


quinta-feira, 14 de março de 2013


"Ela é solteira. Não sozinha. Ela pinta as unhas de vermelho quando quer. Mas, também, sabe deixar as unhas em cacos quando dá vontade. Esbanja esquisitices ao falar dos seriados prediletos. E se cala quando o assunto é sobre o porquê dela não ter namorado. 

Ela usa vestidos de tricô, daqueles clichês para tomar chá quando o tempo é frio. E bebe cervejas em canecas, como homens pré-históricos. Ela ri de palavrões e de piadas de humor negro. Mas, também, se derrete mais do que picolé em frigideira quando recebe um SMS romântico de madrugada. Mas por que não namora? 

Ela acorda, escova os dentes de quem já usou aparelho, toma chocolate quente, se arruma e vai trabalhar. Prefere usar preto. Mas desbanca qualquer havaiana bonita quando inova em alguma vestimenta cheia de flores coloridas. Ela é linda e desconversa. Fala do tempo, do futebol, da novela, da mãe, da crise do Paraguai e do Joseph Gordon-Levitt. Mas por que tu não namoras?

Quando o assunto é sexo, ela fala menos do que escuta. Escuta com os ouvidos, com os olhos, com a boca e com os pêlos da coxa. Transa menos do que deseja. E sabe esconder alguma aspirante a Sônia Braga dentro daquele decote comportado. Ela curte os Beatles, os Novos Baianos, Caetano e o Cícero. E fala que eu tenho péssimo tom de voz. Lê Caio, Keroauc, Fante e Gabito. Mas diz que, também, gosta das minhas histórias.

É estranha, também. Assumo. Corta o cabelo de acordo com as fases da lua e gosta de comer macarrão com feijão. Gosta de umas bandas que ninguém conhece e chora com as histórias do Nicholas Sparks. Liga o ar condicionado porque gosta de dormir sentindo frio e acaba repousando feito uma esquimó com meias e edredom. Uma linda esquimó, por sinal. Não sabe usar o celular. Costuma atender as ligações somente após a quarta tentativa de chamada. Não, ela não ignora. Ela perde tempo é procurando o celular na bolsa, debaixo da cama ou na pia do banheiro. Mas, vez em quando, ela sabe ignorar também. Não sabe dançar. Recusa os convites, mas adora ser convidada. Odeia batom e gosta de brincos de pena.

Mas por que ninguém conseguiu ultrapassar esse muro de Berlim que você ergueu no teu peito? Ela desconversa. Ri de canto de boca e me pergunta se eu fumo tentando desviar o assunto pra longe. Eu insisto. Falo coisas demodês e jogo no ar o fato de que eu a acho perfeita. Ela empina o nariz fino, me lança seus olhos verdes escuro e ajeita-se sobre a mesa. Muda o tom e me fala: “Porque eu não quero”. E eu rio sem graça da minha maldita ideia de achar que todo mundo quer ter alguém para dividir os brownies."

Hugo Rodrigues

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O futuro da educação do MA a passos de tartaruga


Quem teve a infelicidade de se inscrever no programa “Aula do futuro”, do Governo do Estado do MA e participou nos últimos dois dias da (in) capacitação pelos diversos pólos, observou claramente os novos moldes do tele-ensino, porém agora com a internet, nas interações virtuais e nas videoconferências e plataformas.

Mais de 3 milhoes de reais(?)  investidos em tecnologia (?) para  enrolar a sociedade, os alunos e humilhar os professores com míseros 580 reais, com data de pagamento a perder de vista.

Segundo os supervisores, a rapidez em desengavetar o programa, que já nem sairia esse ano, foram os péssimos números do Maranhão no ENEM. Desse modo o objetivo precípuo do programa é promover o reforço escolar para o próximo exame nacional agendado (pasmem!) para o próximo dia 22.10.

Foi claramente exposto, ainda, que todo o grupo de educadores envolvidos, divididos em supervisores, monitores e tutores, terá responsabilidade direta sobre os próximos resultados, haja vista todo comprometimento do governo em tentar sanar esse quadro.

Sem desmerecer a importância de um programa nesses moldes com o valioso auxílio da tecnologia, mas é preciso fazer uma melhor radiografia dessa realidade que os compêndios da SEDUC e os discursos de muitos supervisores naturalmente não contemplam e cujos resultados certamente serão usados contra os professores da rede estadual de ensino.

Considero desrespeitosa a tentativa de convencer os professores que, sem nenhuma formação tecnológica específica e de muitos lados com deficiência pedagógica para o uso das ferramentas, sem falar na estrutura das salas de aula, tem condições de elevar sejam lá que índices educacionais em menos de um mês, rompendo, assim, com anos de atraso.

Além disso, toda vez que alguém pensar que as interações virtuais podem substituir ou sanar os contatos presenciais e a troca de informações proporcionadas pelo calor humano e, nesse caso, interação professor-aluno, vai cometer o absurdo de NÃO oferecer aos educandos a principal fonte de construção e distribuição do conhecimento, que acontece, sobretudo, nas relações humanas fatalmente enriquecidas em seus debates. Sem contar que o sistema envolvido no programa tem constantes falhas técnicas de áudio, vídeo e demais recursos auxiliares.

Ideias como essa poderiam ser verdadeiramente aproveitadas e eficientes se aplicadas com responsabilidade e planejamento de forma processual e permanente no Ensino Fundamental II (de 6º ao 9º ano) para amadurecimento dos alunos, sobretudo em competência leitora, escrita e matemática, deficiências que se estendem a outras áreas do conhecimento. 

Atrelados a isso, formação para as mídias da educação e as mídias sociais já que o programa só alcança quem as domina, caso da minoria de professores e alunos, preparando-os, de fato, para o uso das linguagens, códigos e suas tecnologias.

Nesse momento, para o 3ª série do Ensino Médio há menos um mês do Exame Nacional, teremos um belo e frustrante experimento e uma excelente justificativa para gastos com educação que todos sabemos para onde devem ir. Alunos poucos que tentarão num suspiro recuperar tanto abandono ao longo de toda sua vida escolar. Professores mal remunerados que certamente abandonaram o processo no meio do caminho ou que armados de comprometimento vão desligar toda a tecnologia com suas constantes falhas, e farão o que sabem fazer e que, bem ou mal, ainda arquiteta como formiguinhas, algum tipo de criticidade na cabecinha dos seus alunos.

Qualquer um de nós que pensou ingressar nesse programa, há, naturalmente, necessidade financeira e talvez necessidades outras atreladas a essa nova perspectiva educacional que querem nos enganar q temos por aqui. Contudo, aos bravos professores que irão em frente, desejo sorte e peço que sejam francos com os alunos e responsáveis com sua condição profissional, afim de não compactuar mais ainda  com essa farsa que muito menos tem de boas intenções e muito mais de aproveitamento político. 

Eu, por minha vez não resisti à (de)formação, que esperava ser técnica e específica, vim pra casa, chateada e pensando que isso é muito mais do que posso aguentar. E certa que o futuro ainda não está por vir...

domingo, 18 de setembro de 2011

Remédio dominical

Passando por este abandonado espaço depois de um reencontro com Angélica, composta por Chico nos anos 70, em parceria com Miltinho (do MPB-4), em tributo à estilista, morta em circunstâncias misteriosas depois de enfrentar o governo militar para encontrar o corpo de seu filho, Stuart Angel, assassinado pela ditadura. Especialmente a versão regravada para o filme Zuzu Angel.

E esse reencontro me transportou a um domingo reflexivo e melancólico em que se costuma repensar a própria vida e nas escolhas que tem sido feitas e em outras que não partiram de escolhas conscientes, mas de circunstâncias...
Daí à frente este dia foi dedicado a tentar entender como é imensurável nossa capacidade de doação sejam lá os motivos que tenhamos.... E como são incalculáveis nossas perdas quando essa doação vem atrelada a um sonho de uma possível contrapartida.
Sem que tenha partido de uma escolha consciente, neste dia meus pensamentos, minha admiraçao, minha comiseração, meu carinho, meu instinto protetor e materno, minha necessidade de encontrar caminhos e respostas e todos os outros sentimentos que moram em mim e que são essencialmente humanos foram involutariamente de uma única pessoa.
Um ser humano de muitos sentimentos e que tive o (des) prazer de conhecer muitos deles... E por isso me cerca uma montanha-russa de emoções que repelem ou atraem de forma quase esquisofrênica...
E isso é intrigante pq nos dois casos só uma vontade me domina: incorporar um tanto essa Angélica do Chico... mas numa ridícula paráfrase eu questionaria não a mulher, mas o homem...
"Quem é esse homem
Que canta sempre esse estribilho?
Quem é esse homem
Que canta sempre esse lamento?
Quem é esse homem
Que canta sempre o mesmo arranjo?"
Com o coração em frangalhos e completa impotência... volta a Angélica com a única coisa que realmente desejei neste dia:
"Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar"

Indiferentes a toda essa escuridão, muitos seguem e julgam ser a omissão o tão cobiçado caminho da felicidade.

sábado, 14 de maio de 2011

Jacqueline

Por mais que os gritos pareçam inúteis,sempre alguém os ouve, faz eco e nos surpreende.... Homenagem de um aluno querido a essa luta que por si só já é honrosa. Obrigada Luka...

Jacqueline, Jacqueline
Quantas guerras você luta?
Jacqueline, Jacqueline
Quer ajuda?

Jacqueline, Jacqueline
Você anda tão cansada
Jacqueline, Jacqueline
Vá para casa...

Como é Jacqueline?
Brigar com quem nem liga
Para si e para os outros
Jacqueline, Jacqueline
Que sufoco!

Quando será?
Que você vai se deitar
E pegar cedo no sono
Quando será?
Que alguém vai lhe amar
De uma forma justa e boa
Quando será?
Que você vai sentir-se beijada
Muito além da sua boca

Quando será?
Que alguém descobrirá
Que sua alma é tão bonita
Quanto às curvas sinuosas
De seu corpo jovem e solto
Quando, quando será?
Que você vai batalhar
Por alguém que valha a pena

Ouvi dizer por aí
Que os professores
Estão capitulando
Recuando de mãos vazias
Jacqueline, Jacqueline
Que agonia

Por que Jacqueline?
Tanto conflito
Em você mesma
Eu sei que ser sozinho-acompanhado
Deve ser dureza

Que tal
Pensar em nada
Por hoje
Chegar à varanda
Abrir as cortinas
Cabelos soltos
E quedar-se
Vendo algum outro
Instante fugaz
De realidade

O mundo é pesado
Para todos
E se seu rosto anda marcado
Com olheiras
Você mesma
Grita por si
Sua mente
É guerreira
Contudo
Seu corpo
É de osso
Carne
E canseira
Como qualquer outro corpo daqui

Desejo-lhe a paz
Em todos os idiomas
Que você saiba
Desejo-lhe o amor
Em todas as cores
Que lhe caibam
Desejo-lhe saúde
Por que atitude
Você já tem

Desejo-lhe o bem
Por que justiça, logo vem
Desejo-lhe manhãs de sol
E de chuvas também
Desejo-lhe rotina
E viagens pelo mundo
Desejo-lhe tudo
Que não seja indecoroso
Desejo-lhe qualquer coisa
Que a faça feliz
E depois de rir, desejo-lhe bis
Por que seu riso é bonito
Desejo-lhe o simples e incrível

Jacqueline, Jacqueline
Quantas guerras você luta?
Jacqueline, Jacqueline
Quer ajuda?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Retrato da total falta de inspiração... Culpa dos tecnicismos docentes. Ainda bem que Ela existe: a minha Clarice.

"Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio extremamente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras - quais? Talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no fundo do poço."

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A seleção e o ditador.

Brasil disputou as Copas de 34, 38, 66, 70, 74, 78 e 82 sob coturnos.

Ora Getúlio, ora generais.

Ganhou apenas em 1970.

Silenciosamente.

Os gols de uma geração genial calando os gritos do porão.

Perdeu em todas as outras.

Durante os anos de chumbo.

O futebol brasileiro foi visitado pela Inglaterra e pela Rainha.

Pelos alemães com seu Kaiser.

Países democratas.

Os quais pouco se importavam das torturas e censuras nacionais.

O importante era a bola e as chuteiras imortais.

Hoje, o Brasil deu o troco.

Por alguns milhões de euros.

O Brasil referendou uma ditadura corrupta.

Um país que se libertou do chão miserável do apartheid.

E foi tungado por seu libertador.

Um economista marxista que manda calar quem discorda de suas palavras.

Um ditador que se tatuou no poder desde 1980.

Pois é.

A seleção se locupletou no país da AIDS.

O verde-amarelo desfilou na terra da fome.

A CBF desceu ao último degrau da democracia.

2 de junho de 2010.

O dia infame da seleção brasileira e do ditador...

Roberto Vieira