terça-feira, 27 de setembro de 2011

O futuro da educação do MA a passos de tartaruga


Quem teve a infelicidade de se inscrever no programa “Aula do futuro”, do Governo do Estado do MA e participou nos últimos dois dias da (in) capacitação pelos diversos pólos, observou claramente os novos moldes do tele-ensino, porém agora com a internet, nas interações virtuais e nas videoconferências e plataformas.

Mais de 3 milhoes de reais(?)  investidos em tecnologia (?) para  enrolar a sociedade, os alunos e humilhar os professores com míseros 580 reais, com data de pagamento a perder de vista.

Segundo os supervisores, a rapidez em desengavetar o programa, que já nem sairia esse ano, foram os péssimos números do Maranhão no ENEM. Desse modo o objetivo precípuo do programa é promover o reforço escolar para o próximo exame nacional agendado (pasmem!) para o próximo dia 22.10.

Foi claramente exposto, ainda, que todo o grupo de educadores envolvidos, divididos em supervisores, monitores e tutores, terá responsabilidade direta sobre os próximos resultados, haja vista todo comprometimento do governo em tentar sanar esse quadro.

Sem desmerecer a importância de um programa nesses moldes com o valioso auxílio da tecnologia, mas é preciso fazer uma melhor radiografia dessa realidade que os compêndios da SEDUC e os discursos de muitos supervisores naturalmente não contemplam e cujos resultados certamente serão usados contra os professores da rede estadual de ensino.

Considero desrespeitosa a tentativa de convencer os professores que, sem nenhuma formação tecnológica específica e de muitos lados com deficiência pedagógica para o uso das ferramentas, sem falar na estrutura das salas de aula, tem condições de elevar sejam lá que índices educacionais em menos de um mês, rompendo, assim, com anos de atraso.

Além disso, toda vez que alguém pensar que as interações virtuais podem substituir ou sanar os contatos presenciais e a troca de informações proporcionadas pelo calor humano e, nesse caso, interação professor-aluno, vai cometer o absurdo de NÃO oferecer aos educandos a principal fonte de construção e distribuição do conhecimento, que acontece, sobretudo, nas relações humanas fatalmente enriquecidas em seus debates. Sem contar que o sistema envolvido no programa tem constantes falhas técnicas de áudio, vídeo e demais recursos auxiliares.

Ideias como essa poderiam ser verdadeiramente aproveitadas e eficientes se aplicadas com responsabilidade e planejamento de forma processual e permanente no Ensino Fundamental II (de 6º ao 9º ano) para amadurecimento dos alunos, sobretudo em competência leitora, escrita e matemática, deficiências que se estendem a outras áreas do conhecimento. 

Atrelados a isso, formação para as mídias da educação e as mídias sociais já que o programa só alcança quem as domina, caso da minoria de professores e alunos, preparando-os, de fato, para o uso das linguagens, códigos e suas tecnologias.

Nesse momento, para o 3ª série do Ensino Médio há menos um mês do Exame Nacional, teremos um belo e frustrante experimento e uma excelente justificativa para gastos com educação que todos sabemos para onde devem ir. Alunos poucos que tentarão num suspiro recuperar tanto abandono ao longo de toda sua vida escolar. Professores mal remunerados que certamente abandonaram o processo no meio do caminho ou que armados de comprometimento vão desligar toda a tecnologia com suas constantes falhas, e farão o que sabem fazer e que, bem ou mal, ainda arquiteta como formiguinhas, algum tipo de criticidade na cabecinha dos seus alunos.

Qualquer um de nós que pensou ingressar nesse programa, há, naturalmente, necessidade financeira e talvez necessidades outras atreladas a essa nova perspectiva educacional que querem nos enganar q temos por aqui. Contudo, aos bravos professores que irão em frente, desejo sorte e peço que sejam francos com os alunos e responsáveis com sua condição profissional, afim de não compactuar mais ainda  com essa farsa que muito menos tem de boas intenções e muito mais de aproveitamento político. 

Eu, por minha vez não resisti à (de)formação, que esperava ser técnica e específica, vim pra casa, chateada e pensando que isso é muito mais do que posso aguentar. E certa que o futuro ainda não está por vir...

domingo, 18 de setembro de 2011

Remédio dominical

Passando por este abandonado espaço depois de um reencontro com Angélica, composta por Chico nos anos 70, em parceria com Miltinho (do MPB-4), em tributo à estilista, morta em circunstâncias misteriosas depois de enfrentar o governo militar para encontrar o corpo de seu filho, Stuart Angel, assassinado pela ditadura. Especialmente a versão regravada para o filme Zuzu Angel.

E esse reencontro me transportou a um domingo reflexivo e melancólico em que se costuma repensar a própria vida e nas escolhas que tem sido feitas e em outras que não partiram de escolhas conscientes, mas de circunstâncias...
Daí à frente este dia foi dedicado a tentar entender como é imensurável nossa capacidade de doação sejam lá os motivos que tenhamos.... E como são incalculáveis nossas perdas quando essa doação vem atrelada a um sonho de uma possível contrapartida.
Sem que tenha partido de uma escolha consciente, neste dia meus pensamentos, minha admiraçao, minha comiseração, meu carinho, meu instinto protetor e materno, minha necessidade de encontrar caminhos e respostas e todos os outros sentimentos que moram em mim e que são essencialmente humanos foram involutariamente de uma única pessoa.
Um ser humano de muitos sentimentos e que tive o (des) prazer de conhecer muitos deles... E por isso me cerca uma montanha-russa de emoções que repelem ou atraem de forma quase esquisofrênica...
E isso é intrigante pq nos dois casos só uma vontade me domina: incorporar um tanto essa Angélica do Chico... mas numa ridícula paráfrase eu questionaria não a mulher, mas o homem...
"Quem é esse homem
Que canta sempre esse estribilho?
Quem é esse homem
Que canta sempre esse lamento?
Quem é esse homem
Que canta sempre o mesmo arranjo?"
Com o coração em frangalhos e completa impotência... volta a Angélica com a única coisa que realmente desejei neste dia:
"Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar"

Indiferentes a toda essa escuridão, muitos seguem e julgam ser a omissão o tão cobiçado caminho da felicidade.