Quem teve a infelicidade de se
inscrever no programa “Aula do futuro”, do Governo do Estado do MA e participou
nos últimos dois dias da (in) capacitação pelos diversos pólos, observou
claramente os novos moldes do tele-ensino, porém agora com a internet, nas
interações virtuais e nas videoconferências e plataformas.
Mais de 3 milhoes de reais(?) investidos em tecnologia (?) para enrolar a sociedade, os alunos e humilhar os
professores com míseros 580 reais, com data de pagamento a perder de vista.
Segundo os supervisores, a
rapidez em desengavetar o programa, que já nem sairia esse ano, foram os péssimos
números do Maranhão no ENEM. Desse modo o objetivo precípuo do programa é promover
o reforço escolar para o próximo exame nacional agendado (pasmem!) para o próximo
dia 22.10.
Foi claramente exposto, ainda,
que todo o grupo de educadores envolvidos, divididos em supervisores, monitores
e tutores, terá responsabilidade direta sobre os próximos resultados, haja vista
todo comprometimento do governo em tentar sanar esse quadro.
Sem desmerecer a importância de
um programa nesses moldes com o valioso auxílio da tecnologia, mas é preciso
fazer uma melhor radiografia dessa realidade que os compêndios da SEDUC e os
discursos de muitos supervisores naturalmente não contemplam e cujos resultados
certamente serão usados contra os professores da rede estadual de ensino.
Considero desrespeitosa a
tentativa de convencer os professores que, sem nenhuma formação tecnológica
específica e de muitos lados com deficiência pedagógica para o uso das
ferramentas, sem falar na estrutura das salas de aula, tem condições de elevar sejam lá que índices educacionais em menos
de um mês, rompendo, assim, com anos de atraso.
Além disso, toda vez que alguém pensar
que as interações virtuais podem substituir ou sanar os contatos presenciais e
a troca de informações proporcionadas pelo calor humano e, nesse caso, interação
professor-aluno, vai cometer o absurdo de NÃO oferecer aos educandos a
principal fonte de construção e distribuição do conhecimento, que acontece,
sobretudo, nas relações humanas fatalmente enriquecidas em seus debates. Sem
contar que o sistema envolvido no programa tem constantes falhas técnicas de áudio,
vídeo e demais recursos auxiliares.
Ideias como essa poderiam ser
verdadeiramente aproveitadas e eficientes se aplicadas com responsabilidade e
planejamento de forma processual e permanente no Ensino Fundamental II (de 6º
ao 9º ano) para amadurecimento dos alunos, sobretudo em competência leitora,
escrita e matemática, deficiências que se estendem a outras áreas do
conhecimento.
Atrelados a isso, formação para as mídias da educação e as mídias
sociais já que o programa só alcança quem as domina, caso da minoria de
professores e alunos, preparando-os, de fato, para o uso das linguagens, códigos
e suas tecnologias.
Nesse momento, para o 3ª série do
Ensino Médio há menos um mês do Exame Nacional, teremos um belo e frustrante
experimento e uma excelente justificativa para gastos com educação que todos sabemos
para onde devem ir. Alunos poucos que tentarão num suspiro recuperar tanto
abandono ao longo de toda sua vida escolar. Professores mal remunerados que
certamente abandonaram o processo no meio do caminho ou que armados de
comprometimento vão desligar toda a tecnologia com suas constantes falhas, e
farão o que sabem fazer e que, bem ou mal, ainda arquiteta como formiguinhas,
algum tipo de criticidade na cabecinha dos seus alunos.
Qualquer um de nós que pensou
ingressar nesse programa, há, naturalmente, necessidade financeira e talvez
necessidades outras atreladas a essa nova perspectiva educacional que querem
nos enganar q temos por aqui. Contudo, aos bravos professores que irão em
frente, desejo sorte e peço que sejam francos com os alunos e responsáveis com
sua condição profissional, afim de não compactuar mais ainda com essa farsa que muito menos tem de boas
intenções e muito mais de aproveitamento político.
Eu, por minha vez não
resisti à (de)formação, que esperava ser técnica e específica, vim pra casa,
chateada e pensando que isso é muito mais do que posso aguentar. E certa que o
futuro ainda não está por vir...