domingo, 1 de junho de 2008

Quando tudo entre nós terminou

Reli hoje essa frase. Mais de uma vez. Era assim que começava seu último e-mail, perdido numa gaveta de guardados.

Quando tudo entre nós terminou eu achei que seria mais fácil. Voltar a sorrir sem medo de contrariar sua melancolia. Voltar a praticar certa leveza que nosso relacionamento havia roubado de mim em troca de tantos momentos ternos, mas tensos em certa medida.

Quando tudo entre nós terminou, tive medo de amar de novo, por medo de sofrer. Foi aí que vi o quanto de insegurança rondava meu coração, quando perambulava entre duas cidades, duas vidas, destinos tão pouco amparados.

Desde então vivo fugindo das declarações fofas de amor-eterno e das afinidades eletivas. Passei a dar preferência aos prazeres fugazes, ao riso farto provocado pelo vinho (e recentemente pelo gim com gelo). Mesmo sem lembrar direito do rosto que me beijou na noite anterior. É que me sinto protegido, sabe?

Sinto que não vou precisar chorar ao ler ou ouvir: “- quando tudo entre nós terminou”. Pra você deve ter sido bem mais fácil (embora sempre vá defender o contrário). Você sempre gostou das letras de samba com drama escorrendo das veias.

Eu continuo sendo assombrada pelos fantasmas de nós dois. Como diria Caetano, multiplicando os pés por muitos, mil... sambando como no retrato, que a luz de uma história incompleta imprimiu em nós.

Delírios escritos por coração selvagem